poema da auto-estrada
Voando vai para a praia
Leonor na estrada preta.
Vai na brasa, de lambreta.
Leva calções de pirata,
vermelho de alizarina,
modelando a coxa fina,
de impaciente nervura.
como guache lustroso,
amarelo de idantreno,
blusinha de terileno
desfraldada na cintura.
Fuge, fuge, Leonoreta:
Vai na brasa, de lambreta.
Agarrada ao companheiro
na volúpia da escapada
pincha no banco traseiro
em cada volta da estrada.
Grita de medo fingido,
que o receio não é com ela,
mas por amor e cautela
abraça-o pela cintura.
Vai ditosa e bem segura.
Com um rasgão na paisagem
corta a lambreta afiada,
engole as bermas da estrada
e a rumorosa folhagem.
Urrando, estremece a terra,
bramir de rinoceronte,
enfia pelo horizonte
como um punhal que se enterra.
Tudo foge à sua volta,
o céu, as nuvens, as casas,
e com os bramidos que solta,
lembra um demónio com asas.
Na confusão dos sentidos
já nem percebe Leonor
se o que lhe chega aos ouvidos
são ecos de amor perdidos
se os rugidos do motor.
Fuge, fuge, Leonoreta
Vai na brasa, de lambreta.
António Gedeão
7 Comments:
Bonito, bonito.. belas palavras
Bela imagem - Férias em Roma ...
também planeiam experimentar andar de lambreta?
(",)
nós é mais de comboio...
se formos de lambreta vou eu a conduzir!!!!
@:)
Belíssimo, mais comentários são desnecessários:)
Bom fds.
Belo poema. As lambretas são ciclomotores e penso (já lá vão 11 anos desde as aulas de código) que não podem circular numa auto-estrada :))
Que me desculpe o autor, farei de um contraponto sinfonia e proponho "Poema da EN125"? Penso que seria mais camoniano.
O grande Gedeão, o Poeta da Ciência! Um dos meus preferidos e para mais num poema dedicado a uma homónima minha... na lambreta. Eu era mais para a versão não motorizada: Leonoreta na Bicicleta...
Beijinhos em duas rodas:))
:) yeeeees!
o post apropriado para este sabado optimo!
vai, vai leonoreta :)
Van
andorinha,
;)
viktor,
nem me fales da EN125...estou a trabalhar num pedacinho dela ;)
aspásia,
também é dos meus preferidos
um dos poucos que conheço
o meu pai lia-nos poemas de antónio gedeão quando éramos pequenos
beijinhos
van,
pois pois
alguém terá ido para a praia mas não fui eu...:(
beijos
@:)
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