15.11.06

A história que a gente vos quer contar
aconteceu um dia na lisboa
aonde o tempo corre devagar

Chegamos era cedo à ribeira
ainda todo o peixe respirava
e a outra carne aos poucos definhava

o gemido do cordame das amarras
juntava-se ao lamento dos porões
e o que nos chega fora são canções

a gente viu sair muita gente que dançava
um estranho bailado em tom dolente
marcado pelo bater das corrente


Anda linda
vamos pra ver se é verdade
que lá se pode ouvir cantar

anda linda
vamos ao poço dos negros
pra ver quem pode lá morar

Mais tarde fomos ter àquela parte da cidade
que é mais profunda do que maré baixa
e a lua só visita por vaidade

De novo a estranha moda se dançava
agora com suspiros de saudade
agora com bater de corações

Anda linda
vamos pra ver se é verdade
que lá se pode ouvir cantar

anda linda
vamos ao poço dos negros
pra ver quem pode lá morar

batiam-se com as barrigas e roçavam-se nas coxas
os corpos já dourados de suor
e as bocas já vermelhas dos amores

quisemos nós saber qual é o nome desta moda
respondeu-nos um velho já mirrado
não dou mas se quiserem chamem-lhe fado