10.2.09

um mundo de alma pequenina

deparo-me com palavras que podiam ter sido escritas para mim, por mim
pensamos que somos únicos
afinal somos mais um num mundo de alma pequenina


Sofro, Lídia, do medo do destino.
A leve pedra que um momento ergue
As lisas rodas do meu carro, aterra
Meu coraçao.

Tudo quanto me ameace de mudar-me
Para melhor que seja, odeio e fujo.
Deixem-me os deuses minha vida sempre
Sem renovar

Meus dias, mas que um passe e outro passe
Ficando eu sempre quase o mesmo, indo
Para a velhice como um dia entra
No anoitecer.

Ricardo Reis, 1917